Crenças morais, empatia e justiça adquirida

Empatia

O que é a empatia?

A empatia é um conceito amplo que se refere às reações cognitivas e emocionais de um indivíduo às experiências observadas de outro. Ter empatia aumenta a probabilidade de ajudar os outros e mostrar compaixão.

Muitas vezes há confusão sobre a diferença entre simpatia e empatia. Este miniquestionário oferece uma ótima maneira de esclarecer as coisas. Quando ouve alguém que conhece perdeu um ente querido. A sua responsabilidade:

  • 1. Envie um cartão
  • 2. Traga canja de galinha

A primeira escolha significa simpatia. Sentes-te mal porque a outra pessoa está a sofrer. Mas isso é o mais longe que vai. A segunda resposta mostra colocando ação por trás das palavras. Você está no sofrimento com a pessoa, portanto, ciente e preocupado com o que ele ou ela precisa. Pesquisas indicam que possuir empatia é crucial para uma boa saúde mental saúde como ser capaz de se conectar com os outros e compartilhar o suficiente de si mesmo para sentir-se conectado em troca aumenta imensamente a felicidade do relacionamento.

Para entender melhor o conceito de empatia, existem três tipos diferentes da mesma: Empatia cognitiva, Empatia afetiva, e Empatia compassiva:

Empatia cognitiva:

A empatia cognitiva é a capacidade colocar-se no lugar do outro para que você possa entender por que ele ou ela acredita em algo. Um exemplo deste tipo de empatia é que ajuda num negócio a definir quando você deve negociar sem ter consideração das emoções.

Empatia Afetiva

Também chamada de empatia emocional, essa habilidade permite-nos sentir a emoção do outro tendo assim uma experiência emocional compartilhada. Quando você vê alguém que está triste, você também se sente triste. Outro estudo demonstra que ser consumido com a dor de outra pessoa pode levar a uma concentração excessiva de stress e você pode ficar deprimido e ansioso.

Empatia compassiva

Também conhecida como "motivação ou preocupação empática", a empatia compassiva é exemplificado por alguém que se sente inspirado pela situação de outra pessoa para agir em seu nome. De acordo com o psicólogo Daniel Goleman, a melhor forma de praticar esta empatia é perguntar à outra pessoa o que você pode fazer para ajudar, se não houver resposta pergunte a si mesmo o que o ajudaria se você estivesse nessa situação, e agir em conformidade.

Crenças Morais

Crenças morais são os princípios e valores que uma pessoa tem sobre o que é certo e errado, bom e mau, justo e injusto. Essas crenças são moldadas pela cultura, religião, educação e experiências pessoais. Elas guiam nossas decisões éticas e influenciam nosso comportamento em relação aos outros e ao mundo ao nosso redor. Cada pessoa pode ter crenças morais diferentes, e é importante refletir sobre essas crenças e estar aberto ao debate e à compreensão das perspectivas dos outros. 

Segundo Jean Piaget:

Dimensão moral do pensamento baseado no respeito pelas normas morais e pelo desenvolvimento de um sentido de justiça, igualdade e reciprocidade.

3 fases do desenvolvimento moral:

  • pré-moral/anomia (0-5anos): a criança simplesmente ainda não tem a noção de moralidade e os seus comportamentos são definidos pelas suas necessidades;
  • realismo moral/moral heterónoma (6-10/11anos): a definição de moral é definida pelas regras que são impostas (ou seja, roubar um pão para dar ao filho esfomeado e roubar um pão por ganância são atitudes com a mesma gravidade);
  • relativismo moral/moral autónoma (após 10/12anos): individuo começa a ter a noção moral das coisas, considerando não só as consequências dos atos, mas também as intenções destes mesmos

Segundo Kolhberg:

Este dividiu o desenvolvimento moral em 6 estádios, agrupados em 3 níveis (2 estádios por 1 respetivo nível).

Dilema de Heinz: "Uma mulher estava a morrer com um tipo especial de cancro. Havia um medicamento que, segundo pensavam os médicos, podia salvá-la. A manipulação do medicamento era cara, mas o farmacêutico cobrava dez vezes mais do que o preço do custo. Pagava 200 euros pelo rádio e cobrava 2000 euros por uma pequena dose de medicamento. O marido da senhora doente, o Heinz, recorreu a toda a gente que conhecia para pedir o dinheiro emprestado, mas só reuniu 1000 euros. Disse ao farmacêutico que a sua mulher estava a morrer e pediu-lhe para o vender mais barato ou se podia pagá-lo mais tarde. O farmacêutico recusou-se a negociar e recusou a proposta. Então, Heinz ficou desesperado e pensou em assaltar a loja do homem e roubar o medicamento para a sua mulher. Heinz decide assaltar a loja. Foi errado fazê-lo? "

  • Nível pré-convencional/Nível 1: as ideias chave são "punição e obediência", neste verifica-se uma dominância dos acontecimentos exteriores, os quais ditam as normas, e o poder dita a lei e as razões para se ter um determinado comportamento.
  • Estádio 1 - Domina a moralidade heterónoma, ou seja, defende-se que devem ser evitadas as quebras de regras que levem a punições, assim deve haver "obediência pela obediência".
  • Estádio 2 - Individualismo, propósito e troca instrumental são princípios chave tidos em conta. Nesta fase, os indivíduos acreditam que as regras devem ser seguidas só quando são do interesse imediato de alguém e devemos agir para satisfazer os interesses próprios e deixar os outros seguirem o nosso exemplo.
  • Nível 2 – Considera-se as boas relações e a imagem pública como valores, permitem a manutenção da ordem social.
  • Estádio 3 - Impera a moralidade do "ser bom rapaz", e são muito valorizadas as expetativas e relações interpessoais mútuas e conformidade interpessoal, ou seja, é suposto viver segundo o que é esperado pelas pessoas mais íntimas ou segundo o que as pessoas geralmente esperam das outras num certo papel, para além disso, "ser bom" significa ter bons motivos, mostrar preocupação com os outros, conservar as relações mútuas, a confiança, a lealdade, o respeito e a gratidão.
  • Estádio 4 - Ideia chave é "se toda a gente fizesse isso...", assim podemos afirmar que esta se baseia num sistema social e consciência, podemos também dizer que neste estádio são preocupações principais: cumprir os deveres morais previamente acordados, sendo que estes só podem ser quebrados em situações extremas nas quais estejam em causa outros deveres morais; e a outra preocupação nesta fase é, conservar a instituição como um todo e evitar a quebra do sistema.
  • Nível 3 (Moralidade pós-convencional): Defende-se o respeito aos valores e princípios morais, devendo estes ser aplicados independentemente do nível da autoridade e das regras impostas.
  • Estádio 5 - Defendida a ideia de contrato social, ou seja, deve ser sacrificado o bem individual em prol do bem comum, assim, devemos estar cientes que as pessoas têm uma variedade de valores e opiniões e que estes são muitas vezes relativos ao grupo em que estão inseridos, para além disso estas regras devem ser mantidas (o tal contrato social).
  • Estádio 6 (princípios éticos universais) - Impera a ideia de que, leis só são validas quando derivam de princípios éticos universais, e como tal, quando as leis violam esses princípios, é conforme os princípios que devemos agir.

Exemplos de discursos de cada nível:

  • Estádio 1: "Eu não minto. Talvez não me caiam os dentes, mas podem-me castigar".
  • Estádio 2: "Não me vou irritar com o João, porque sempre que não percebo alguma coisa de matemática, ele explica-me".
  • Estádio 3"não me vou irritar com o João, porque toda a gente espera que eu me saiba comportar".
  • Estádio 4: "Eu não minto, se toda a gente mentisse ou fizesse aldrabices, a vida seria impossível".
  • Estádio 5: "Tenho que tolerar os que são diferentes, conversando chegaremos a um acordo em benefício de todos".
  • Estádio 6: "Tenho que tolerar os que são diferentes, porque toda a gente tem direitos que nenhuma lei ou nenhum costume deve violar".

Críticas levantadas à teoria de Kolhberg

  • A primeira questão é: raciocínio moral leva necessariamente a um comportamento moral? Pois, como é do nosso conhecimento uma coisa é aquilo que sabemos que devemos fazer, outra coisa é aquilo que efetivamente fazemos.
  • Para além disto, será a justiça o único aspeto do raciocínio moral a considerar? Esta questão foi levantada pois, a teoria enfatiza o conceito de justiça em tomadas de decisões morais, sendo que outros fatores como a compaixão, preocupação e outros sentimentos interpessoais eram completamente ignorados e estes podem ter um papel muito importante no raciocínio moral.
  • A última destas três questões é: será que a teoria de Kohlberg sobre enfatizou a filosofia ocidental? Esta questão foi levantada pois, culturas individualistas enfatizam os direitos pessoas, enquanto culturas coletivistas enfatizam a importância da sociedade e da comunidade. Assim as culturas orientais podem ter perspetivas morais distintas e Kohlberg não teve isso em conta.

IDENTIDADE MORAL

Meta-analise (Hertz e Krettenauer, 2016)

Analisou a relação entre identidade moral e comportamento moral. Estes vieram dar força à ideia de que identidade moral prediz comportamento moral, mas não é um preditor mais forte do que o juízo moral ou as emoções morais.


Gilligan – Baseia-se em dois pontos chave:

  • conceitos de justiça abstrata;
  • relações humanas e preocupação com outras pessoas.

Atentemos na seguinte situação proposta por Gilligan: "estão pessoas a esconder-se, com outros cidadãos, de soldados assassinos. De repente, um bebé começa a chorar. A menos que o sufoquem, os soldados encontrarão e matarão todas as pessoas. Deveriam sufocar o bebé para impedir que os soldados matassem os habitantes da cidade?"

Com isto surgem duas linhas de pensamento moral:

  • Vista Deontologista (prioridade às normas morais, respostas emocionais a dilemas morais).
  • Vista Utilitarista (prioridade às consequências mais globais; respostas cognitivas, mentais a dilemas morais).

Estas duas teorias surgem como opostos sendo que se verifica uma diferença entre os sexos, sendo que os homens se revelam mais utilitários e as mulheres mais deontológicas.

Meta-analise de Friesdorf, Conway e Gawronski

Estes estudiosos realizaram 40 estudos com 6100 participantes e chegaram á conclusão de que homens e mulheres usam o raciocínio cognitivo praticamente de forma igual e para além disso, as mulheres mais provavelmente usariam o raciocínio emocional do que os homens quando está envolvido o fator dano.

Justiça percebida

A justiça percebida é um conceito fundamental na psicologia social que se refere à forma como nós avaliamos e entendemos a justiça em diferentes contextos e situações. Esta refere processos de igualdade, imparcialidade e tratamento justo em relação a normas, regras, distribuição de recursos e interações sociais. Sendo que cada um de nós, em diversos pontos, temos diferentes pontos de vista.

A percepção de justiça é uma parte intrínseca da vida cotidiana e desempenha um papel crucial nas interações sociais, no funcionamento de organizações, nas relações interpessoais e até mesmo nos sistemas legais. Quando as pessoas percebem uma situação como justa, tendem a sentir-se satisfeitas, envolvidas e dispostas a cooperar. Por outro lado, a percepção de injustiça pode levar a sentimentos de raiva, ressentimento, desconfiança e comportamentos/atitudes negativos.

Existem várias dimensões da justiça percebida que foram identificadas pela pesquisa.

A justiça distributiva refere-se à percepção de como os recursos, benefícios ou resultados são distribuídos entre as pessoas. As pessoas procuram uma distribuição equitativa, na qual cada um receba uma parcela justa com base em suas contribuições ou necessidades.

A justiça procedimental está relacionada ao processo pelo qual as decisões são tomadas. A transparência, a imparcialidade e a participação são fatores importantes na percepção de justiça procedimental.

A justiça interpessoal refere-se ao tratamento justo e respeitoso das pessoas em suas interações.

A justiça informacional diz respeito à comunicação clara e transparente de informações relevantes.

A percepção de justiça pode ser influenciada por uma variedade de fatores. Experiências pessoais, valores culturais, normas sociais, crenças individuais e características pessoais podem moldar a forma como as pessoas avaliam a justiça em diferentes situações. Além disso, a comparação social desempenha um papel importante. Podemos comparar o tratamento e/ou resultados com os mesmos de outras pessoas, podendo afetar a nossa percepção de justiça.

Compreender a justiça percebida é essencial para promover ambientes sociais e organizacionais saudáveis e equitativos. É importante reconhecer que a percepção de justiça pode variar entre indivíduos e grupos, e o objetivo deve ser buscar uma justiça que seja percebida como justa e equitativa pela maioria das pessoas. Isso requer a consideração das diferentes dimensões da justiça e a criação de processos e sistemas que sejam transparentes, imparciais e participativos.


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