Aprendizagem Social e Agressão

A aprendizagem social é uma teoria desenvolvida por Albert Bandura, um psicólogo canadense e professor da Universidade de Stanford. A teoria destaca o aprendizado por meio da observação e pela interação entre a mente do aluno e o ambiente envolvente. Ou seja, está totalmente ligada aos exemplos e ações de outros indivíduos.

Por palavras mais simples, a aprendizagem social é aprender com outras pessoas. Pode ser por qualquer meio, como por exemplo por meio redes sociais ou no dia a dia em discussões e/ou observando os outros.

Albert Bandura – A sua Teoria da Aprendizagem Social diz que o comportamento é aprendido por observação, reforçando a importância dos processos cognitivos motivação e expectativas, não sendo necessário que as consequências de alguma ação caiam diretamente sobre nós para o aprender. Em suma, ao observarmos um modelo de comportamento reforçado, tendemos a imitá-lo. Esta é uma teoria desenvolvimental que defende a constante aprendizagem do Homem por observação.

Esta aprendizagem pode ocorrer de 3 formas diferentes: por observação, por modelagem, e por imitação. Dentro da observação temos 3 modelos de observação distintos: observação ao vivo, instrução verbal e observação simbólica.

Segundo Bandura existem 4 modelos para a modelagem, são eles: atenção (ou seja, aquilo em que se foca); retenção (isto é, o que é capaz de se lembrar), reprodução (capacidade de reproduzir o movimento observado) e motivação (vontade/motivação de imitar o tal comportamento).

  • Processos de Atenção: São modelos de admiração e influências, sendo importante ter em conta as características do modelo de observação (características físicas, idade, grau de afeção, etc) e do observador (capacidade cognitiva, experiências passadas, etc);
  • Processos de Retenção: Capacidade de memorização do observador, permitindo ao mesmo executar ações mesmo sem que o seu modelo esteja visível. Este processo eleva a importância da codificação simbólica, da organização e da representação cognitiva para a modelagem.
  • Processos de Reprodução Motora: Dividem-se em 3 pontos:
  1. Capacidade física do indivíduo (consegue ou não executar o movimento)

  2. Feedback (importância reforçada da capacidade de conseguir se aperceber do que correu mal no caso de não conseguir realizar o movimento)

  3. Auto-observação (olhar crítico sobre o seu movimento)

  • Processos de Reforço/Motivação: Reforçados 3 pontos essenciais:

  1. Autorreforço

  2. Reforço Direto

  3. Reforço Vicariante

Estes são os processos que permitem ao executante perceber quais as vantagens de executar específicos comportamentos, sendo os comportamentos que tragam mais vantagens, os que receberão maior preferência por parte dos executantes.

Experiência de "Bobo Dolls"

Bandura juntou 72 crianças de um infantário com idades entre os 3 e os 7 anos. 

Na Fase 1 (Modelagem), dividiu as crianças em 3 grupos de 24, e expôs cada um desses grupos a um modelo de observação diferente, sendo que, um grupo observou um modelo (masculino ou feminino) a ter comportamentos agressivos com um boneco insuflável, outro grupo observou um modelo não agressivo com o boneco e o terceiro grupo simplesmente não foi exposto a nenhum modelo.

Na fase 2 (provocação), todas as crianças (individualmente) entraram numa sala com brinquedos e o investigador disse às crianças: "Estes são os meus melhores brinquedos, decidi guardá-los para as outras crianças, mas podes brincar com os brinquedos da outra sala". 

Com isto passamos para a fase 3 (imitação). Nesta fase passaram as crianças para a outra sala que tinha brinquedos "não agressivos" e "agressivos". Com isto deixaram as crianças brincar durante 20 minutos e observaram o seu comportamento.

Com esta experiência foi possível observar que as crianças que tinham observado o modelo mais agressivo brincaram de forma agressiva; as raparigas que observaram comportamento agressivo foram fisicamente agressivas se tivessem observado um modelo masculino e verbalmente mais agressivas se tivessem observado um modelo feminino; os rapazes tenderam a imitar mais os modelos do mesmo sexo do que as raparigas.

Esses estudos revelaram descobertas importantes relacionadas à agressividade infantil. Foi observado que as condições ambientais e sociais desempenham um papel no desenvolvimento da agressividade nas crianças, pois elas podem aprender comportamento agressivos por meio da observação e do reforço direto. Além disso, a exposição à violência nos meios de comunicação também pode ter um impacto negativo, pois está associada a um aumento da agressão, bullying e à falta de empatia em relação às vítimas de violência.

Outros fatores incluem padrões familiares (interações agressivas), estas aprendendo que comportamentos agressivos são eficazes na resolução de problemas ou conflitos em casa, reproduzindo-os noutros contextos como escola. O ambiente escolar também possui um papel importante no comportamento das crianças, sendo que em escolas maiores, é mais difícil controlar o comportamento dos alunos, sendo os riscos maiores. Também a localização da escola é importante uma vez que, se situadas em zonas problemáticas, costumam existir um maior número de alunos provenientes de famílias com baixo nível socioeconómico e turmas com maior número de alunos mais agressivos.

APRENDIZAGEM SOCIAL E AGRESSÃO – DESPORTO

Também é necessário destacar a relevância do desporto neste contexto de aprendizado social e agressão, uma vez que os jovens atletas tendem a imitar os comportamentos dos atletas profissionais (reforço do fair-play). Portanto, é crucial evitar a exibição de imagens violentas na televisão, e os pais, treinadores e ídolos devem começar a conscientizar os jovens sobre a importância de evitar o uso da agressão. Como treinadores, devemos ter em conta de que os nossos comportamentos antissociais são observados e replicados pelos atletas, e os colegas de equipa reforçam e legitimam o uso da agressão.

APRENDIZAGEM SOCIAL E PAPEL DO GÊNERO

Desde uma idade precoce, os pais incentivam certos comportamentos considerados "adequados" para cada género. Isso leva as crianças a se identificarem mais cedo como rapazes ou raparigas, a desenvolverem preferências por atividades e brinquedos típicos do seu género e a internalizarem estereótipos de género. As crianças imitam os seus pais, colegas, professores, irmãos mais velhos e também são influenciadas pela mídia em relação às atividades e comportamentos considerados "para meninas" e "para meninos".

A aprendizagem social desempenha um papel fundamental nesse processo. Entre os 3 e 6 anos, as crianças começam a aprender os comportamentos típicos de cada género por meio de observação. À medida que crescem, entre os 5 e 7 anos de idade, as crianças passam a se concentrar mais em modelos do mesmo género e a evitar as atividades e brinquedos tradicionalmente associados ao outro género.

APRENDIZAGEM SOCIAL – IMPLICAÇÕES

Dentre as várias implicações da aprendizagem social, existem 4 aspetos que merecem destaque.

  • Modelagem deve ser considerada um processo fundamental na aprendizagem e no desenvolvimento, como por exemplo, na aquisição da linguagem.
  • Os comportamentos dos modelos, ou seja, dos pais, professores e treinadores desempenham um papel crucial neste processo.
  • O reforço pode ocorrer de forma vicariante, ou seja, as pessoas podem aprender com as consequências observadas nos comportamentos dos outros. É então importante ter consciência das possíveis consequências dos comportamentos modelados.
  • É essencial a exposição a comportamentos apropriados, ou seja, as crianças e os indivíduos em geral devem ser expostos a exemplos de comportamentos adequados para poderem aprender e imitá-los.
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